sexta-feira, 6 de abril de 2018

Preso, motorista de Uber conta detalhes sobre morte de jovem que mentiu ser de facção criminosa Ele contou que foi obrigado a filmar, mas polícia contesta versão



Motorista do Uber, preso suspeito de participar do assassinato de Heverton Silva Assem, de 21 anos, deu detalhes sobre o crime que aconteceu em uma casa na região sul de Curitiba. Gicimar Rodrigo Ribeiro Santos, 28 anos, falou para investigadores da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) que foi obrigado a filmar a decapitação de Heverton, mas a polícia descobriu, por quebra de sigilo telefônico, que ele tinha envolvimento com o grupo e fazia diversas corridas para eles. Julia Beatriz Silva, de 22 anos, e Keven Luis Marques, de 26, estão presos desde o ano passado apontados como responsáveis pelo assassinato.

Durante depoimento, o motorista do Uber, que trabalha no aplicativo desde 2016 e morava com a família em Pinhais, confessou que esteve presente no momento do crime. “Fiquei de pé, esperando que seria minha vez. Eles fecharam a porta do banheiro, colocaram um monte de faca, vários tamanhos. Quando a vítima já estava morta, eles falaram ‘agora, você vai filmar’. Eu coloquei o celular na porta (celular deles) porque estava espirrando sangue e eles começaram o trabalho de decapitação da vítima”, disse ele, em depoimento gravado.

Segundo Gicimar, não houve disparo de arma de fogo. “Comecei a filmar quando ele já estava morto. Depois, colocaram tudo em um saco, a Júlia limpou o banheiro, quando ela terminou, a gente foi embora. Parecia que a Júlia estava emocionada, feliz, eu fiquei pensando ‘a guria não limpa nem a casa dela, nem o quarto dela, e na hora de limpar o banheiro ali, cheio de sangue, ela se ofereceu, pra parecer que ela era… (…)”, completou.

O corpo do jovem teria sido colocado dentro de dois sacos de lixo, mas a cabeça e o coração em outro, separado. Ele nega que tenha carregado o corpo do homem. “Depois que a Julia terminou de limpar o banheiro, nós (sic) foi embora. Eu trouxe eles de novo para a praça e fomos embora”, concluiu. O corpo de Heverton nunca foi encontrado.

As investigações apontam que a vítima era do Rio de Janeiro, mas passou a ter contato com traficantes de drogas na Praça Tiradentes. Durante uma dessas conversas, Heverton afirmou ser integrante da facção criminosa Comando Vermelho. O que a vítima não sabia é que os suspeitos também se denominavam integrantes de outra facção rival, o Primeiro Comando da Capital (PCC).

O motorista do Uber é a peça-chave para a polícia tentar encontrar os restos mortais da vítima. Segundo detalhes da investigação, ele conhecia o casal já preso e também Alysson Michel Nakai, morto em confronto com a polícia. Todos trocaram ligações entre celulares e tinham fotos em comum, onde apareciam juntos. A polícia busca agora o local onde a execução aconteceu.

O crime

As investigações começaram no mês de agosto, depois que a delegacia foi comunicada de um desaparecimento. Ao longo das diligências, a equipe policial conseguiu ter acesso a um cartão de memória e uma carteira de trabalho em nome de Júlia. O objeto e o documento foram encontrados dentro de um Pálio – veiculo envolvido em um acidente na cidade de Itu, São Paulo.

Conforme investigações, o veículo havia sido roubado em Curitiba. Durante a análise do material armazenado no cartão, a polícia localizou dois áudios, onde pessoas que se denominavam membros de uma facção criminosa, interrogavam e torturavam uma pessoa que relatou trabalhar em uma rede de lanchonetes. Nos arquivos a polícia também encontrou um vídeo que mostra os suspeitos decapitando a vítima.

Investigações identificaram um jovem, de 23 anos, mais conhecido com “Alissinho”, com sendo a terceira pessoa envolvida no homicídio. “Alissinho” foi morto em confronto com a Polícia Militar, após reagir a uma abordagem policial no dia 18 de outubro.



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