sexta-feira, 11 de abril de 2025
Homem é preso em Curitiba por desmatamento ilegal e venda de terrenos públicos em área de proteção ambiental em Curitiba
A Polícia Civil do Paraná (PCPR) prendeu nesta quinta-feira (10), em Curitiba, um homem suspeito de envolvimento em um esquema criminoso que incluía o desmatamento de uma área de preservação ambiental e a venda irregular de terrenos públicos. O caso ocorreu na região do bairro Umbará, na zona sul da capital paranaense, e revela mais um capítulo da crescente pressão sobre áreas protegidas do município.
Segundo as investigações conduzidas pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente, o suspeito teria aterrado uma nascente de água e devastado um trecho de Mata Atlântica pertencente ao patrimônio municipal. Além disso, ele é apontado como reincidente em práticas criminosas em outras áreas de proteção ambiental (APAs) na região metropolitana.
De acordo com o delegado Guilherme Dias, responsável pelo caso, máquinas pesadas utilizadas para destruir a vegetação nativa foram apreendidas no local. “As retroescavadeiras e caminhões envolvidos na ação foram recolhidos, e ferramentas utilizadas para a supressão vegetal foram inutilizadas no próprio terreno, para evitar novas investidas”, afirmou o delegado.
Terrenos públicos à venda
A área invadida, localizada próxima à Rua Nicola Pellanda, vinha sendo loteada de maneira clandestina. Testemunhas relataram à PCPR que o suspeito oferecia os lotes por preços abaixo do mercado, garantindo “documentação futura” e acesso facilitado por vias de terra abertas com as máquinas usadas no crime ambiental.
“Ele dizia que era tudo certo, que a prefeitura estava regularizando a área. Eu quase comprei um pedaço, mas desconfiei quando vi que tinha nascente por perto”, contou Antônio de Souza, morador do Umbará há mais de 20 anos, em depoimento aos investigadores.
Outra moradora da região, Maria José Ribeiro, afirmou ter visto caminhões carregando barro e entulho para o aterramento da área úmida. “A gente escutava barulho de máquina de madrugada, e os pássaros sumiram. Foi muito triste ver aquela mata indo embora daquele jeito”, relatou.
Ação conjunta com a prefeitura
A PCPR atua em parceria com a Prefeitura de Curitiba para monitorar invasões em áreas públicas, que têm aumentado nos últimos anos. O município identificou ao menos outras três áreas em situação semelhante, nos bairros Campo de Santana, Tatuquara e CIC (Cidade Industrial de Curitiba), onde agentes públicos e ambientais já trabalham para evitar novas ocupações ilegais.
As autoridades reforçaram que os terrenos em áreas de preservação permanente (APPs) são inegociáveis, não podem ser vendidos ou ocupados, e que qualquer pessoa envolvida em tais práticas está sujeita a responder criminalmente.
Crime e punição
O suspeito, que não teve a identidade revelada, responderá por crimes de poluição ambiental e desmatamento de área protegida, com base na Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998). As penas podem chegar a oito anos de reclusão, além de multas e medidas de reparação ambiental.
O caso segue sob investigação, com novas diligências previstas para identificar possíveis cúmplices e outros envolvidos no esquema de loteamento clandestino.
Reportagem: Marcello Sampaio – Repórter Investigativo
Com colaboração de moradores do bairro Umbará e fontes da PCPR
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