sábado, 15 de setembro de 2018

Casas de vila chamada de Haiti por Luciano Huck são desmontadas pela prefeitura



Haiti” do apresentador Luciano Huck amanheceu na última quarta-feira (12) com barulhos de marteladas e caminhões de mudança. Cerca de 70 famílias que moram bem no final da Vila 29 de Outubro, no bairro Caximba, em Curitiba, tiveram que sair da área onde suas casinhas estavam erguidas e foram realocadas para outros terrenos vagos, mais no alto da vila. Passaram o dia desmontando e remontando as pequenas moradias de madeira. Alguns estavam indignados, porque a mudança foi comunicada de última hora. Outros estavam resignados por saber que o solo ali é instável e no futuro a região terá melhorias.

Uma jovem de 17 anos contou que, às 6h, sua família já estava toda em pé providenciando a mudança, colocada emprestada numa outra casa da vila, pra não molhar se chovesse, enquanto a casa de madeira com piso de concreto (um luxo para muitos ali), era desmontada para ser levada a outro terreno ali próximo. “Falaram da noite pro dia. Só deu tempo de enfiar as coisas no saco e começar a desmontar tudo porque se não, até sexta-feira, derrubam as casas que ainda estiverem em pé”, disse a jovem.
Na metade da tarde, o tio dela trabalhava desmontando os últimos caibros das paredes que mal tinha terminado de construir. “Veja ele aqui, mesmo com as madeiras novas, na hora de desmontar, sempre quebra um pedaço ou outro. Agora imagina quem montou a casa com madeiras velhas e já trincadas, doadas ou que encontrou por aí. Quebra tudo na hora de desmontar e não dá pra reaproveitar. A gente estava quieto no nosso canto, falaram que não iam mexer com a gente aqui. Agora o prefeito está fazendo isso tudo só por causa daquela vinda do Luciano Huck pra cá”, lamentou um mecânico, de 25 anos.
Ele mostrou o drama de um dos moradores, que tinha já uma casinha inteira de tijolos e concretos. Como não tinha como mudar uma casa de alvenaria para outro lugar, o dono teve que se resignar em apenas juntar suas coisas e ir embora para a casa de sua mãe. “Ele saiu daqui chorando quando viu a casa toda destruída, no chão. No ano passado, o Greca passou aqui e disse que não ia mexer nesta área, que iam melhorar o lugar. As pessoas então decidiram investir. Quem pôde fez melhorias na casa, construiu em alvenaria. Agora da noite pro dia mandam a gente sair daqui, dizendo que vão construir um valetão de contenção aqui, pra não deixar ninguém avançar mais lá pro fundo”, lamentou o mecânico, que ainda comentou que a prefeitura mandou equipes para ajudar a desmontar as casas e caminhões para transportar as madeiras para o novo lugar. “Mas as equipes vieram, desmontaram de qualquer jeito, quebraram muita madeira, amontoaram tudo na frente de cada casa pro caminhão buscar e foram embora. Não ajudaram a montar”, lamentou o mecânico, que pediu para não ser identificado.

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